10 de julho
Na presença de suas excelências, a Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, Professora Doutora Maria Fernanda Rollo, o Magnífico Reitor da Universidade Estadual de Campinas, Professor Doutor Marcelo Knobel, o Secretário de Cultura de Campinas, Ney Carrasco, o ex-Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, Professor Doutor Clélio Campolina Diniz, e o Presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), Professor Doutor Rui Martins, decorreu a sessão solene de abertura do XXVII Encontro da AULP no Centro de Convenções de Campinas (UNICAMP).
Este evento contou ainda com a participação do Embaixador de Moçambique na RFB, em representação do Ministro da Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional (MCTESTP), Professor Doutor Manuel Lubisse.
Contando com o acolhimento da Universidade Estadual de Campinas, o XXVII Encontro da AULP cunha o encerramento dos três anos de presidência da Universidade de Macau. O testemunho será passado para outra instituição, a ser nomeada pela Assembleia Geral dia 11.
Este ano a agenda do encontro, que decorre de 10 a 12 de julho, aborda diversos aspetos em torno do tema “Confluências de culturas no mundo lusófono”. Como já é habitual, este tema é posteriormente distribuído por várias sessões que resultam em comunicações com temas diversos, que permitem a participação de vários professores e investigadores dos países de língua portuguesa. Durante os três dias de trabalho haverá contributos cujos subtemas são trocas, discursos, transformações e rotas.
A Secretária de Estado, Dra. Maria Fernanda Rollo, relembrou com o seu discurso que a língua portuguesa é uma língua que nos une, salientando a importância para uma ciência aberta, o que exige um compromisso político. “Os dados são o petróleo do futuro”, afirmou.
O Presidente da AULP, Professor Doutor Rui Martins, relembrou que a cooperação entre a AULP e a UNICAMP não é recente e teve início em 1988, sendo na altura sustentada pelo então Magnífico Reitor da UNICAMP, o Professor Doutor Paulo Renato Costa Souza, já falecido.
No seu discurso, o Professor Doutor Rui Martins salientou que Macau e as suas instituições de ensino superior contribuíram para o importante impulso da AULP, na Ásia, e no Sul da China, através da organização de 5 Encontros Anuais que deslocaram a Macau uma média de cerca de 200 delegados, em cada uma das edições do evento, vindos dos Países de Língua Portuguesa, mas também da China e outros Países Asiáticos, nomeadamente o Japão, e que chamaram a atenção para a importância da Língua Portuguesa nesta região do Mundo.
O Presidente acrescentou ainda que o ensino da Língua Portuguesa passou recentemente a ser oferecido em 35 universidades, espalhadas por todo o país, ao contrário do que acontecia em 2003, quando o mesmo apenas se efetuava em Pequim e Xangai. A expansão do ensino do Português deve-se essencialmente à estratégia definida pelo Governo Chinês de intensificar a cooperação com os Países de Língua Portuguesa, nomeadamente através da plataforma que é Macau, o que abre novas oportunidades de futuro a quem domine bem esta Língua.
O Professor Doutor Marcelo Knobel, Reitor da Universidade Estadual de Campinas, manifestou o seu agradecimento a toda a comunidade académica e científica, convidando os participantes a conhecerem o majestoso campus da UNICAMP. O momento cultural, organizado pela UNICAMP, agradou todos os participantes, tendo sido dividido em dois momentos diferentes.
Após o almoço servido no saguão do Centro de Convenções de Campinas, deu-se início aos trabalhos. No período da tarde decorreram as apresentações das comunicações do tema I, cujo tema foi Trocas. Apresentação de comunicações do Tema I (Trocas). O Reitor da Universidade Mandume Ya Ndemufayo, Prof. Dr. Orlando da Mata, e a Prof. Sandra Almeida da Universidade Federal de Minas Gerais foram os presidentes das duas sessões.
Esteve disponível a todos os participantes a exposição fotográfica Corredor de Nacala – comboio, carvão e gente no norte de Moçambique, acompanhada pelo autor Eduardo Vargas, da Universidade Federal de Minas Gerais. A apresentação do livro Da África para o Atlântico, obra comemorativa lançada neste evento, encerrou os trabalhos do primeiro dia, sendo depois distribuído a todos os membros.
Com a conclusão dos trabalhos, decorreu o jantar de boas vindas da AULP no restaurante Adunicamp, dentro do campus da UNICAMP.
11 de julho
Tem sido habitual nos encontros da AULP que a universidade de acolhimento escolha uma obra que seja paradigmática do encontro de culturas de entre vários ou alguns dos países da AULP. A Universidade Estadual de Campinas escolheu para o XXVII Encontro a obra Da África para o Atlântico, de Mikael Parkvall (tradutor: Rodolfo Ilari). Foi desenvolvida uma capa exclusiva para o encontro. Mikael Parkvall é professor no Departamento de Linguística da Universidade de Estocolmo. Como pesquisador, é internacionalmente conhecido pelas suas posições sobre os conceitos de crioulo e semicrioulo, sendo um dos principais expoentes da tese de que os crioulos podem ser reconhecidos, entre as línguas do mundo, pela presença de determinados traços estruturais. Atualmente, ele dirige o projeto Principia Creolica com o objetivo de demonstrar que os crioulos têm origem em línguas pidgins e que essas línguas — contrariamente ao que se tem afirmado — representam um caso pouco usual de evolução linguística.
Tomando por referência mais de 150 línguas e famílias linguísticas africanas, e usando dados reunidos em mais de 800 fontes, esta obra trata de africanismos potencialmente presentes em todos os níveis linguísticos nas línguas crioulas do Atlântico. A exaustividade, a constante preocupação em confirmar os achados da análise estrutural pelos dados da história externa das línguas e a extrema clareza na definição dos conceitos-chave fazem deste trabalho uma referência necessária para todos os leitores interessados nas origens das línguas afro-americanas e afro-caribenhas. A solidez dos pontos de vista expressos sobre os propósitos da crioulística e a visão original sobre contato e influência linguística tornam esta obra uma leitura obrigatória para todos os linguistas interessados em situações de contato e para os estudiosos de crioulos das mais variadas tendências.
O segundo dia do Encontro ficou marcado pelo decorrer dos trabalhos do Tema II: Discursos, Tema III: Transformações e Tema IV: Rotas.
Assembleia Geral
Na Assembleia Geral da AULP, cinco instituições demonstraram interesse em receber o XXVIII Encontro da Associação das Universidade de Língua Portuguesa, em 2018: Instituto Politécnico de Lisboa (Portugal), Universidade Mandume Ya Ndemufayo (Angola), Universidade Federal da Paraíba (Brasil), Instituto Superior Ciências Económicas e Empresariais (Cabo-Verde) e Universidade Zambeze (Moçambique). Após votações, a Assembleia Geral decidiu que os próximos Encontros seriam: Universidade Mandume Ya Ndemufayo (2018), Instituto Politécnico de Lisboa (2019) e Universidade Zambeze (2020).
O Magnífico Reitor da UMN, Professor Doutor Orlando da Mata, foi ainda nomeado Presidente da AULP para o próximo triénio 2017-2020. Na vice-presidência ficou a Universidade de Cabo Verde, a Universidade de Coimbra (Portugal), a Universidade Lúrio (Moçambique) e a Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil).
O segundo dia do Encontro terminou com uma animação cultural e o jantar de encerramento da UNICAMP na Casa do Professor Visitante (CPV).
12 de julho
Teve lugar no último dia do Encontro da AULP, 12 de julho, a decorrer no Centro de Convenções da UNICAMP, a 1ª reunião preparatória Comissão intercontinental para a creditação no espaço do ensino superior em língua portuguesa, reservada a representantes nomeados para o efeito. Esta comissão foi criada no seguimento de algumas propostas apresentadas durante o Encontro realizado em Timor-Leste, no quadro da mobilidade de estudantes e a conferência de graus e créditos para professores e alunos. Na altura o presidente da AULP propôs aos presentes que no próximo encontro, o Conselho de Administração pudesse trabalhar com alguns membros para elaborar uma proposta sobre este tópico para ser levada à comissão. Desta reunião surgiu a proposta de criar um projeto de mobilidade (Erasmus/AULP). O modo de implementação irá ser estudado no decorrer do presente ano.
Na sessão solene de encerramento foi feito um agradecimento à Fundação Macau pelo apoio financeiro prestado à AULP. O Professor Rui Martins, Vice-Reitor da Universidade de Macau, recebeu uma medalha comemorativa para ser posteriormente entregue à referida entidade.
Foi ainda realizada uma cerimónia de entrega do Prémios Fernão Mendes Pinto correspondentes aos anos 2014, 2015, 2016.
A vencedora do Prémio Fernão Mendes Pinto 2014 é Fátima da Cruz Rodrigues da Universidade de Coimbra com a dissertação de doutoramento em Sociologia, no curso de Pós-Colonialismos e Cidadania Global, “Antigos Combatentes Africanos das Forças Armadas Portuguesas – A Guerra Colonial como Território de (Re)conciliação”.
O vencedor do Prémio Fernão Mendes Pinto 2015 é Kamila Katarzyna Krakowska Rodrigues, da Universidade de Coimbra, com a dissertação “Na Demanda da Ideia de Nação: As Viagens Pós-Coloniais, Em Mário de Andrade e Mia Couto”.
O vencedor do Prémio Fernão Mendes Pinto 2016 é Patricia Delayti Telles, da Universidade de Évora, com a dissertação “Retrato entre baionetas: prestígio, política e saudades na pintura do retrato em Portugal e no Brasil, entre 1804 e 1834”.
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