“O país tem de iniciar a execução de investigação fundamental nos sectores de ponta e prioritários”

“O país tem de iniciar a execução de investigação fundamental nos sectores de ponta e prioritários”

“O país tem de iniciar a execução de investigação fundamental nos sectores de ponta e prioritários”

Fonte: Gabinete de Comunicação, 2014-05-16

Numa região em desenvolvimento como a África é importante perceber qual o papel das instituições de Ensino Superior em prol da investigação. De que forma é que as instituições contribuem para o desenvolvimento do país? Quais as parcerias estratégicas? Há recursos financeiros para apostar na investigação? O que reserva o futuro? Quatro questões ganharam resposta graças ao contributo do catedrático e director científico da Universidade Lúrio, de Nampula (Moçambique), Tito Fernandes.

De que forma os projetos de investigação na UniLúrio contribuem para o desenvolvimento de África?

Em Moçambique, e na UniLúrio, as atividades de Investigação são reduzidas por diversos motivos. Não existe pessoal com pós-graduação em número suficiente para supervisão da investigação e os apoios financeiros são limitados, embora estes não sejam o factor limitativo, pois ONGs e empresas têm proposto e até financiado alguma pesquisa. Dizemos pesquisa pois envolvem mais “surveys” que investigação original (“research”), replicando delineamentos experimentais elaborados noutras partes do mundo, procurando respostas para as realidades locais, o que também tem o seu valor de ciência aplicada. Só
consideramos verdadeira Investigação quando há publicação dos resultados em revista com “referee”.

Ciência está de facto ligada ao desenvolvimento, porém, apesar do elevado crescimento económico em Moçambique, o desenvolvimento, determinado por parâmetros universais e não pelo rendimento per capita em US$, demonstra que a velocidade de crescimento económico não é acompanhado por índices aceitáveis de melhoria na qualidade de vida da maioria da população. Na verdade, os problemas básicos de habitação, de acesso a água potável, de energia elétrica continuam e com impacto negativo no uso desregrado de fontes de energia baseados nos recursos agrários (lenha e carvão vegetal), com repercussão no estado sanitário das populações que continuam sem os mínimos razoáveis de cuidados de saneamento e de saúde.

Não se dinamizam aspetos simples como tecnologias de aproveitamento da energia solar, das águas resultantes da pluviosidade regular, e em excesso em certas épocas, bem como do estudo de medicamentos tradicionais. Neste último aspeto, a UniLúrio tem iniciado alguns pequenos projectos que poderão dinamizar a utilização de plantas tradicionais como a moringa.

Investimentos feitos por ONGs não aceitam o financiamento de aquisição de equipamentos laboratoriais de forma significativa, nem o pagamento aos recursos humanos nacionais, o que ocasiona desequilíbrios e injustiças internas, privilegiando a mão de obra estrangeira.

Para o sucesso desses projectos, que tipo de parcerias estabeleceu com instituições de Ensino Superior de outros países?

A UniLúrio tem sabido suprir as carências acima descritas através de uma forte internacionalização das suas ações e objetivos, em todas as áreas do saber desenvolvidas nos diversos cursos, isto é, saúde, engenharias agrárias, arquitetura.

Inúmeros protocolos, não só escritos, mas com direto impacto na vida da UniLúrio têm sido elaborados e desenvolvidos com relativo sucesso, sobretudo com o Brasil, Estados Unidos da América, Irlanda e Portugal. Infelizmente, as parcerias nacionais não são tão evidentes, embora existentes sobretudo na
realização de Mestrados.

Os enormes custos de deslocação relacionados com a interioridade da UniLúrio nas 3 Províncias do norte de Moçambique, com companhia aérea de bandeira nacional com monopólio, dificultam imenso o processo de parcerias pois as despesas acrescidas, comparando com as deslocações internacionais, enfraquecem e reduzem a mobilidade académica.

Existem recursos financeiros disponíveis para apostar em projetos de investigação?

Existem recursos disponíveis, porém devem obedecer às prioridades nacionais definidas pelo Ministério da C&T e Ministérios sectoriais (e.g. Agricultura, Recursos Minerais, Pescas). Investigação fundamental não existe e consideramos, nesta fase, mais fácil, viável e económico a transferência de conhecimento e tecnologias dos países desenvolvidos. Os financiamentos por agências de cooperação dos países mais desenvolvidos é realizada com interesses mais dos países de origem que dos interesses locais nacionais.

Os recursos do Banco Mundial, supostamente a entidade que lidera a luta contra a pobreza mundial, não estão acessíveis às academias e concentram-se nos ministérios centrais na capital. Conhecem-se muitos milhões de US$ que entram no país, mas a universidade tem hipóteses muito reduzidas de ter acesso a esses incentivos financeiros. Em nosso entender, equipar laboratórios com ajudas dessa natureza, seria fundamental para que o ensino não seja simplesmente o debitar matéria teórica, que na sua maioria exige a memorização de conteúdos, o que origina frequentemente a formação de graduados pouco competentes.

Na sua opinião, qual o futuro da investigação em África? O que precisa de ser feito para aumentar a investigação nas instituições de Ensino Superior?

Em nossa opinião, os ministérios da C&T deveriam funcionar com modalidades que pudessem incorporar os imensos apoios financeiros que entram nos
ministérios sectoriais, executando uma cadeia de comandos baseada em prioridades nacionais e não por interesses internacionais. Para tal, seria necessário no MCT haver Comissões Científicas independentes, com a participação de investigadores e fazedores de decisão, nas diversas áreas do saber. Saber realizar a distribuição dos financiamentos pelos Centros de I&D e chamar a responsabilidade os investigadores principais. Incentivar a incorporação de equipas nacionais nas candidaturas de megaprojectos europeus e outros, onde a componente nacional será formar quadros e equipar minimamente as  universidades e seus laboratórios. Saber esclarecer aos governantes de que gradualmente o país tem de iniciar a execução de investigação fundamental nos sectores de ponta e prioritários.

Alguns temas de I&D que estão a ser desenvolvidos na UniLúrio:

– Estudo de avaliação da desnutrição crónica infantil.
– Pesquisas nos domínios de diversos distúrbios oculares.
– Pesquisas em Conservação da natureza e estudos
de biodiversidade marinha e terrestre.
– Pesquisas na área de Saúde: Epidemiologia, Optometria,
Otorrinolaringologia, Pediatria, Nutrição,
Saúde da Família e Comunidade.
– Estudo de micotoxinas em diversos produtos agrários.
– Pesquisa agrária no domínio de novas culturas
agrícolas (soja) e florestas no Niassa.

Artigo de Pandora Guimarães

Gabinete de Comunicação da AULP

“O Ensino Superior enfrenta o desafio de criar e distribuir conhecimentos socialmente relevantes”

“O Ensino Superior enfrenta o desafio de criar e distribuir conhecimentos socialmente relevantes”

“O Ensino Superior enfrenta o desafio de criar e distribuir conhecimentos socialmente relevantes”

Fonte: Gabinete de Comunicação, 2014-05-16

São palavras do Doutor João Felisberto Semedo, Presidente do Conselho Diretivo da Universidade de Cabo Verde. A AULP falou ainda com o Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação de Cabo Verde, António Correia e Silva, para perceber o papel do Ensino Superior na Investigação e no desenvolvimento de Cabo Verde.

De que forma os projetos de investigação na Uni-CV contribuem para o desenvolvimento de África?

A Universidade de Cabo Verde tem como missão a produção do conhecimento, essencialmente pela investigação científica, na aprendizagem, utilizando a sua difusão, designadamente através das tecnologias da informação e da comunicação e a sua valorização, através da inovação e transferência para as empresas e sociedade. A Uni-CV funciona segundo o seu regulamento, como um centro de criação, difusão e promoção da cultura, ciência e tecnologia, que articula o estudo e a investigação, de modo a potenciar o desenvolvimento humano, como facto estratégico do desenvolvimento sustentável de Cabo Verde.

A Uni-CV desenvolve e promove a consolidação dos Estudos como programas estratégicos, tendo como objetivo o atendimento nas vertentes de formação e especialização, quer pela oportunidade que oferece de afirmação nacional e internacional. As áreas de conhecimento da Uni-CV, nomeadamente as Ciências da Natureza, da Vida e do Ambiente; Ciências Humanas, Sociais e Artes; Ciências Económicas, Jurídicas e Políticas e Ciências Exatas, Engenharias e Tecnologias são desenvolvidas em unidades de investigação com adesão a programas de mobilidade académica (estudantes, professores e pessoal não docente) através de coordenação conjunta com prestigiadas universidades, que potenciam excelentes parcerias entre investigadores e instituições, pautadas por padrões internacionais de qualidade.

Para o sucesso desses projetos, que tipo de parcerias estabeleceu com instituições de Ensino Superior de outros países?

A Uni-CV abriu-se ao mundo do conhecimento, através da adesão a associações de universidades, a redes, a consórcios e a programas de mobilidade académica e de investigação internacionais. Por iniciativa própria ou a convite de outras instituições de ensino superior, estabelece dezenas de protocolos de mobilidade académica e de investigação científica com instituições de ensino superior estrangeiras. São intensificados os contactos com instituições estrangeiras e internacionais produtoras de Ciência e Tecnologia, com o sentido da internacionalização, e tendo em meta as exigências de qualidade e equidade.

Participação em redes internacionais, tais como a Rede de Estudos Ambientais de Países de Língua Portuguesa, Rede Internacional de Investigação sobre Cidades Atlânticas, e Rede UNAMUNO Eixo Atlântico.

Existem recursos financeiros disponíveis para apostar em projetos de investigação?

A noção e prática da internacionalização e posterior resposta em termos de regionalização têm sido testemunhadas pela participação em vários programas e projetos de mobilidade académica e de iniciação científica, e com proporcínio de financiamento da investigação na Uni-CV.

Exemplos típicos incluem, o programa Erasmus Mundus (ANGLE, DREAM ACP, KITE, CARIBU). Outros programas internacionais, nomeadamente, os Programas SEMACA (Fortalecimento Institucional Universitário no Espaço Canárias e África), União Europeia-MAC-Programa transnacional Madeira, Açores, Canárias), UNAMUNO, CAPES/AULP – (Brasil), da Bridgewater State University (BSU), têm vindo a destacar o processo e implementação de integração regional e iniciativas de colaboração.

A renovação do Programa de Cooperação Transnacional MAC para o período de 2014 a 2020, bem como com o Programa ‘Erasmus Plus’ (Erasmus+), para o mesmo período, que englobará as diversas ações, financiados por fundos da Comissão Europeia, que integravam os Programas Aprendizagem ao Longo da Vida, Juventude, Tempus, Erasmus Mundus e Alfa e Edulink.

Estas ações têm sido desenvolvidas para apoiar a execução das três funções da Uni-CV – ensino, investigação e extensão académica.

Na sua opinião, qual o futuro da investigação em África? O que precisa de ser feito para aumentar a investigação nas instituições de Ensino Superior?

Existem desafios coletivos, tais como sustentabilidade e objetivos de desenvolvimento do Milénio, entre outros, que pode causar um grande impacto no futuro. A relação entre a pesquisa científica e o processo decisório político relacionados ao bem-estar coletivo e ao interesse em geral necessita de ser explorada e analisada para que sejam estabelecidos elos entre os vários sectores da sociedade.

O ensino superior enfrenta o desafio de criar e distribuir conhecimentos socialmente relevantes, a fim de desempenhar um papel pró-ativo e comprometido na transformação e mudança positiva das sociedades. Mudar os sectores económicos públicos e privados, através da transformação e inovação, para que os mercados sejam mais atrativos e competitivos e sociedades mais sustentáveis.

A redução da pobreza, dos problemas ambientais, das doenças e dos conflitos que atravessam fronteiras nacionais deveriam ser usados com a utilização de estratégias mais globais. Para enfrentar os novos desafios sociais, bem como as necessidades locais de conhecimento, as universidades devem estar dispostas a cooperar em redes com outras universidades em escala global.

Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação de Cabo Verde, António Correia e Silva,

“Há vários projetos de investigação nas universidades de Cabo Verde. As pós-graduações ligam-se diretamente com a investigação. Estamos no início de um processo, mas já há algumas universidades que estão inseridas em redes internacionais, como a AULP. Isso permite a mobilidade de docentes e investir nos laboratórios, na qualificação. Estão a ser lançadas as primeiras sementes nas Ciências e Tecnologias.

Estão a ser desenvolvidos consórcios para a investigação, pois esta não se faz de forma isolada, mas sim em rede para colocar as forças em comum e transmitir conhecimentos. Isso tem sido política das universidades cabo-verdianas.

Portugal, Brasil, EUA, China, e os PALOP são alguns dos países que Cabo Verde onde possui projetos de investigação comuns.

Cabo Verde precisa de mobilizar os recursos financeiros, mas para o fazer precisa de ter projetos. Temos projetos, mas é necessário agora moblizar parceiros. Estamos numa fase de desenvolvimento.

“África tem um futuro brilhante em investigação. Os jovens estão a descobrir a Ciência. A população e a classe política estão, neste momento, a reconhecer o seu valor”, acrescentou.

QuaLúrio

QuaLúrio

QuaLúrio

Fonte: Gabinete de Comunicação, 2014-05-16

O autores deste livro partiram da premissa de que o conceito “qualidade” é subjetivo e está relacionado com as perceções de cada indivíduo. Promover a definição e o desenvolvimento da Qualidade do ensino na Universidade Lúrio e Moçambique em geral são os objetivos.

Qualúrio surge, segundo os autores, como resposta a uma “reflexão interna, realizada em 2009, isto é dois anos após o início de atividades da UniLúrio, sobre a necessidade de serem identificados todos os processos que suportam a atividade quotidiana dos Serviços Centrais, das Faculdades e dos Cursos e, em consequência, ser possível atuar sobre eles ao nível da sua organização e funcionamento numa perspetiva de melhoria contínua”.

Tendo em conta que o desenvolvimento de uma cultura institucional baseia-se em critérios da Qualidade, valores e implicações, pode ler-se no índice do livro que este programa “abrirá caminho a melhorias no processo educativo promovendo a sua eficácia ao introduzir uma organização mais eficiente e ao promover uma cultura de exigência, sem interferir na autonomia científica e pedagógica da atividade docente”.

É neste contexto que a qualidade deve ser uma ferramenta que usamos no quotidiano e que nos permite, com a identificação e eliminação das imperfeições do trabalho que realizamos, “ter como perspetiva um funcionamento ótimo através de uma melhoria dos nossos processos – e isto seja qual for a função que desempenhamos”.

Vox Pop – Estatuto do Estudante Internacional

Vox Pop – Estatuto do Estudante Internacional

Vox Pop – Estatuto do Estudante Internacional

Fonte: Gabinete de Comunicação, 2014-05-16

Este concurso permite a fixação de propinas pelas instituições de acordo com o custo real. A Universidade de Coimbra já definiu o valor: 7.000 euros anuais, isto é, sete vezes mais do o que cobra a um aluno nacional.

Se por um lado vai dar condições para que as instituições do ensino superior possam encontrar nas propinas uma nova fonte de financiamento, existem algumas desvantagens associadas.

A AULP foi à rua tentar perceber o que pensam as pessoas acerca deste estatuto e concluiu que a maioria não concorda com a sua implementação. Isto porque “vai criar uma maior elitização do ensino” e “limitar a entrada dos estudantes estrangeiros no ensino superior português, o que vai acabar por distinguir as pessoas que são da União Europeia e dos países da CPLP dos restantes.

Muitos apontaram a defesa do direito à igualdade de oportunidades no acesso ao ensino superior. Se a propina for igual ao custo real da formação, o estudante estrangeiro vai passar a comparar aquele preço ao de outras universidades estrangeiras. A escolha vai recair na qualidade e atratividade do estabelecimento de ensino e não no seu custo.

Mas o número de alunos estrangeiros a estudar em Portugal não é significativo. No ano lectivo 2011/2012, existiam 28.656 alunos estrangeiros a frequentar o sistema de ensino superior português, sendo que a maioria era proveniente dos países da União Europeia e da CPLP.

Este novo regime não altera em nada os regimes especiais de acesso para estudantes bolseiros de países africanos de língua portuguesa, ou o regime previsto para os programas de mobilidade como o ERASMUS, no âmbito dos acordos de cooperação.

Veja as opiniões dos estudantes na vox pop, clicando aqui.

“Re-estudar”: regressar aos livros depois dos 30

“Re-estudar”: regressar aos livros depois dos 30

“Re-estudar”: regressar aos livros depois dos 30

Fonte: Gabinete de Comunicação, 2014-05-16

Como é estudar depois dos 30? O que leva as pessoas a voltarem aos livros depois de já estarem a trabalhar? Quais são as principais dificuldades com que se deparam? Albertino Veigas, Andreia Fernandes, Rafaela Silva e Miguel Almeida são as vozes de quem quer reciclar conhecimentos com o regresso aos livros.

Albertino Veigas, 40 anos, decidiu estudar depois de já ser proprietário de um stand de automóveis, em Sintra. “Não sabia muito sobre marketing e foi isso que me levou a adquirir mais bases para continuar a desenvolver mais o meu negócio”, explica. Resolveu investir no curso de publicidade e marketing na Escola Superior de Comunicação Social (ESCS) depois de se ter apercebido de que o negócio já não estava a render.

Acredita que as experiências de vida são cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho. “Com novos conhecimentos a pessoa vai acrescentar algum conhecimento à empresa, e, por isso, vai investir no local onde trabalha”, afirma. “A conjugação de um curso e da experiência de vida é cada vez mais importante: é isso que vai acrescentar valor às instituições”, afirma. Acredita que deveria haver equilíbrio entre as duas partes: por parte do licenciado e por parte da empresa. “Um jovem que acaba um curso não tem a mínima noção de como se vai apresentar numa entrevista de trabalho”, refere.

No que respeita a esta questão Andreia Fernandes, 35 anos, também estudante de publicidade e marketing, reconhece que cada vez é mais acentuada a valorização do know-how por parte dos empregadores. “Neste momento as empresas estão mais exigentes e pedem cada vez mais requisitos: não basta ter só experiência profissional. Uma pessoa mais completa tem as duas variantes: a de experiência profissional e a de experiência pessoal”, sublinha.

Rafaela Silva, 30 anos, estudante de literatura medieval, deixou de trabalhar para se dedicar exclusivamente ao doutoramento. Reconhece a importância dos estudos, mas ressalva a importância da experiência. “Aquilo que vem nos livros nem sempre se aplica à vida do dia-a-dia, pelo que tem de se ter a capacidade de adaptar o conhecimento teórico à realidade”, acrescenta.

Na sua opinião, as universidades deviam estabelecer mais acordos com empresas que possibilitem uma aplicação prática daquilo que se aprende. A estudante na Faculdade de Letras do Porto propõe ainda a criação de uma “comissão que se encarregue de aproximar o mercado de trabalho às universidades.”

Criar métodos de estudo

Andreia Fernandes trabalhava no ramo automóvel quando ficou desempregada há dois anos. Sem alternativas, decidiu reciclar os estudos. O mais complicado foi reaprender a estudar e a adaptar-se aos colegas mais novos: “Tento reencontrar um método de estudo e motivação para aprender temas que já são conhecidos ou que considero que não têm muita relevância. Tive também dificuldade em me adaptar a colegas de 18 e 19 anos de idade, uma vez que já não estou habituada a fazer trabalhos de grupo, mas sim a liderar equipas”.

De acordo com um estudo levado a cabo pelo pesquisador dinamarquês Lars Larsen, da Universidade de Aarhus, a inteligência mantém-se estável após os 20 anos de idade e, em alguns casos, pode aumentar com a idade. Uma motivação para Andreia regressar aos livros: afinal o conhecimento não está apenas ao alcance dos mais novos.

Já para Albertino Veigas a integração num ambiente com colegas mais novos foi fácil: “sou encarado como um colega igual, em termos de conversas e de brincadeiras”. Reaprender a estudar foi mais difícil, mas concluiu o primeiro semestre sem dificuldade. Admite que o método mais eficaz que encontrou foi o de “entender aquilo que está a escrever.” Os trabalhos de grupo não são tarefa fácil porque não domina as novas tecnologias. Afirma, no entanto, que acha engraçado fazê-los pelo Facebook.

Rafaela Silva utiliza outros métodos de estudo que pensa responderem à exigência de um doutoramento. “Tornei-me assídua nas bibliotecas, faço fichas de leitura de forma a organizar ao máximo as minhas pesquisas e estudo”, explica.

Quando se tem pouco tempo para estudar, é preciso fazer uma boa gestão do tempo. Miguel Almeida, trabalhador-estudante na Faculdade de Direito de Lisboa, afirma que “um método que não dispensa na aprendizagem é a presença nas aulas”. Aos fins-de-semana tenta planificar o tempo de acordo com o nível de dificuldade das cadeiras: “dou prioridade a matérias mais complexas deixando as mais simples de analisar para o fim”. Recorre a esquemas porque o “curso requer obrigatoriamente a necessidade de leituras extensivas e morosas”. Lê apontamentos e sebentas, muitas vezes disponíveis da Internet ou na reprografia da faculdade.

Ensino superior e mercado de trabalho

Encontrar um curso num horário pós-laboral que seja compatível com o horário profissional é outra dificuldade encontrada quando se estuda depois dos 30.

“A questão dos horários é bastante discutida mas não existem alternativas. Quem, durante o dia, exerce uma atividade profissional, só pode frequentar aulas à noite”, refere Miguel Almeida. Propõe uma solução a esta falha: “as universidades deviam permitir que todos os cursos fossem em regime diurno e noturno.” Lamenta o facto de isso não acontecer.

Miguel aponta ainda o desfasamento entre as universidades e as exigências do mercado de trabalho. “O ensino nas universidades é, ainda, muito teórico”, afirma, pelo que é preciso existir uma maior articulação entre o mercado de trabalho e o ensino universitário.

“Hoje em dia, é o licenciado que mostra à empresa qual é a sua mais-valia na mesma. A empresa fica à espera que sejam as pessoas a mostrar as suas capacidades e não diz o que espera do licenciado”, diz Albertino Veigas. Admite, ainda, que o facto de as empresas procurarem licenciados com uma grande experiência na área, acaba por limitar os jovens que acabam de se licenciar e não têm qualquer prática. Surge, agora, outro tipo de recrutadores: “aqueles que preferem a falta da experiência profissional, com o intuito de não levar determinados vícios do emprego anterior”.

Estas são as vozes de quem não desiste de investir em si, de quem já trabalha, mesmo depois de ter mais de 30 anos. De quem, em duas palavras: recicla conhecimentos.

Artigo de Ana Isabel Mendes

Gabinete de Comunicação da AULP

Cortes comprometem investigação

Cortes comprometem investigação

Cortes comprometem investigação

Fonte: Gabinete de Comunicação, 2014-05-16

Em três anos, o Ensino Superior perdeu mais de 260 milhões de euros com os cortes no Orçamento do Estado (OE). Em 2006, as instituições tinham um maior financiamento e não pagavam a comparticipação de 23% das remunerações para a caixa geral de aposentações, segurança social e ADSE. Hoje, as instituições de Ensino Superior funcionam com metade do financiamento que tinham há 8 anos. O Gabinete de Comunicação da AULP falou com o Professor Joaquim Mourato, Presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), para perceber quais as consequências destes cortes sobre o Ensino e a Investigação.

Quais as consequências diretas desse corte de 50% relativamente a 2006?

Isto é insustentável. Deixámos de renovar equipamentos e de fazer a manutenção dos edifícios, o que daqui a uns anos poderá ser problemático e o Estado poderá gastar mais pela manutenção das infraestruturas. Temos também cortado no pessoal docente e não docente, deixando os professores mais sobrecarregados, ficando com menos tempo para a investigação e desenvolvimento de projetos.

Portanto a investigação é uma das áreas mais lesada?

Sim. Toda a nossa estrutura e missão é sacrificada. Pocuramos fazer o nosso trabalho com qualidade, mas de uma forma muito limitada. Podiamos ser mais abrangentes e ir mais longe nas atividades, mas não podemos porque estamos limitados financeiramente. Mas gostamos de pensar que isto será uma fase transitória.

Projetos internacionais

Segundo o Professor Joaquim Mourato, os Politécnicos têm feito uma forte aposta na internacionalização. Com mais de 5000 estudantes e professores em intercâmbio por ano, por todo o mundo, destaca o Brasil, Macau e Europa. “Trabalhamos em mais de 50 países do mundo. Cabo Verde, por exemplo, tem uma fortíssima presença dos Politécnicos”, revela.

Projeto Poliempreende

O projeto Poliempreende é um concurso de ideias e projetos de vocação empresarial para estudantes e docentes do Politécnico e tem como objetivo promover o empreendorismo. O 1º concurso teve início em 2003 no Instituto Politécnico de Castelo Branco, sendo que em 2007 todos os Politécnicos abraçaram este projeto. Em 2013, foi vencedor dos Prémios Europeus de Promoção Empresarial na categoria de “Investimento nas Competências Empreendedoras”.

Segundo dados de 2013, cedidos pelo CCISP, a taxa de sobrevivência das empresas Poliempreende é de 70%. Os prémios do Concurso poderão chegar aos €10.000 (1º lugar na categoria Prémios Financeiros Nacionais).

“O Ensino Superior Politécnico está de parabéns pela sua extraordinária cumplicidade na promoção do empreendedorismo, ao conceber e lançar este projeto inovador e altamente qualificado que é o Poliempreende.” – Comendador Rui Nabeiro, Empresário.

O CCISP desenvolveu o memorando “Propostas para o Ensino Superior Politécnico Português”, em 2013. Consulte o memorando aqui.

Artigo de Pandora Guimarães

Gabinete de Comunicação da AULP