Circulação facilitada entre países da CPLP: Falta desenvolvimento e o aval português

Circulação facilitada entre países da CPLP: Falta desenvolvimento e o aval português

Circulação facilitada entre países da CPLP: Falta desenvolvimento e o aval português

Fonte: AULP, 2014-02-04

Os problemas de circulação dos cidadãos da CPLP são uma das grandes preocupações do Embaixador Murade Isaac Miguigy Murargy.

Há muito que se discute a situação dos vistos dentro da CPLP. “Eu fiz uma proposta para que fosse encontrada uma forma de facilitar a circulação dos empresários, estudantes, professores, pesquisadores, investigadores, desportistas, jornalistas e/ou artistas”.

Contudo, o Secretário Executivo da CPLP lembra que “tem de haver vontade política dos países para que haja acordo. É preciso que os Estados/governos digam que estão preparados para abrir o espaço”. Mas acrescenta que o mais difícil é mesmo, entrar em Portugal. “Se houver abertura de Portugal para entrar neste jogo, todos os países vão ceder”.

A dificuldade de entrada em Portugal centra-se no compromisso dos países europeus sobre uma política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países signatários, assinado em 1991, o Acordo de Schengen.

Para Murade Murargy, a situação da proposta apresentada para a circulação entre países da CPLP tem aqui um grande entrave. ”Schengen faz com que Portugal esteja com as mãos atadas. Não tem autonomia suficiente para poder decidir a circulação no espaço porque alguém que entra em Portugal está autorizado a circular nos países que assinaram esse acordo. Então tudo o que diz respeito à circulação de pessoas em Portugal tem de passar pelas autoridades de Bruxelas. Tem que haver um acordo em Bruxelas e isso não é fácil.”.

Como se não bastasse este grande obstáculo, existe também o problema dos países africanos ainda não terem mecanismos suficientes de controlo de entradas e saídas do território. ” Os países têm de ser organizados. Quando se entra num país, ele tem de saber onde é que a pessoa está e o que está a fazer. Os nossos países não estão preparados para isso. Sobretudo Angola e Moçambique ainda não têm mecanismos de controlo afinados para controlar quem entra e quem sai. É preciso que os países africanos estejam preparados para monitorar a circulação das pessoas dentro do seu espaço porque a circulação livre e sem controlo traz problemas sérios”.

A CPLP está determinada em conseguir mudar esta situação de circulação nos países pertencentes à comunidade e Murade Murargy referiu que estão a trabalhar para esse mesmo objetivo. ”Estamos a trabalhar para que haja acordo. A proposta que eu tenho é para que seja concedido o visto rapidamente para possibilitar as pessoas de entrarem no país que querem para exercer a sua atividade”.

O Secretário Executivo realçou ainda que a CPLP deve desenvolver o seu trabalho a pensar nos indivíduos e para conseguir esse objetivo tem de haver circulação de pessoas e de conhecimento. ”A CPLP tem de ser do cidadão e para ser do cidadão tem de haver circulação. Se é difícil que todos circulem então comecemos pelos que vão participar na construção da sociedade. Tem de haver circulação de conhecimento”.

A CPLP está também a laborar na criação de uma agenda comum entre os países da comunidade para que se possam discutir mais facilmente assuntos importantes para o desenvolvimento da comunidade, como por exemplo: educação, saúde, ambiente, energia, entre outros.

A internacionalização do cinema português

A internacionalização do cinema português

A internacionalização do cinema português

Fonte: AULP, 2014-02-04

 

Está a decorrer atualmente o ciclo de cinema Harvard na Gulbenkian – diálogos sobre o cinema português e o cinema do mundo. A próxima sessão será já dia 14 de fevereiro com o filme “Xavier”, dando assim início ao fim-de-semana cuja temática é “cinema num tom menor”. O gabinete de comunicação da AULP falou com o coordenador deste projeto, António Caldeira Pires, para perceber melhor esta iniciativa.

Este ciclo de cinema consiste num programa de 12 fins-de-semana, em que se dá destaque a um cineasta português. Com a participação de colegas estrangeiros, o objetivo é promover o debate sobre as semelhanças entre o filme português e outros filmes internacionais. Relativamente à primeira sessão do ciclo, António Caldeira Pires afirma que “está a pôr-se o cinema de António Reis num contexto internacional, com os seus pares internacionais”.

António Caldeira Pires refere ainda a importância histórico-cultural de algumas destas peças. “Há uma preocupação museológica neste ciclo, que é apresentar os filmes no seu suporte original”. Esta preocupação fez com que já viessem para a Gulbenkian as cópias dos filmes em 16mm, sendo que atualmente a maioria dos filmes são no formato digital. Dada a complexidade do equipamento a Gulbenkian sentiu a necessidade de chamar uma projecionista do Canadá.

“É muito acessível. Para estudantes é €3,5, o equivalente a duas cervejas”, brinca António Caldeira Pires. Mas para quem não é estudante, pode assistir a este ciclo por um valor inferior ao de um bilhete normal de cinema, ou seja, por €5.

Um olhar sobre a história do cinema…

Foi a 28 de dezembro de 1895 que se deu a primeira sessão de cinema. Teve lugar no Grand Café de Paris, onde foi inaugurado o Cinématographe Lumiére. Tratava-se de um único plano de um comboio a entrar na estação o que criou o pânico dos espetadores e fez com que estes fugissem para a saída (“L’Entrée du train en gare de la Ciotat“).

Só em 1948 é que chega a televisão e são vendidos 14 mil aparelhos. Em 1949 venderam-se 172 mil, e 32 milhões em 1955. Com esta mudança de hábitos de lazer, começou o fim da era dos estúdios.

O facto de começarem a existir emissões regulares de televisão a partir de 1957 faz com que a televisão se torne o meio ideal para transmissão da ideologia do Estado – uma das razões para a crise do cinema português antes da década de 60 (em 1955, não houve uma única longa metragem portuguesa produzida, sendo este o chamado ano zero do cinema português).

Apesar disso, em 1959 e 1960 foram criadas duas entidades que ajudaram a divulgação e criação de filmes, a Cinemateca e o Fundo do Cinema. São passados filmes, nomeadamente, da nouvelle vague portuguesa.

A partir deste período, as novas preocupações dos filmes são o realismo, a ilustração da condição do Homem mas distanciando-se da perspectiva classicista, pela condição do povo. Há uma ruptura de género e de estilo. Jovens cineastas, com educação na área, juntam-se a este novo movimento vanguardista de cinema.

O 25 de abril de 1974 deu um fôlego a esta onda de cinema, nomeadamente em relação a documentários e filmes de ficção que abordam o tema – é o chamado cinema militante dos anos 70. Em relação à nouvelle vague, este cinema tem semelhanças a nível de técnicas de cinema, mas o protagonista passa a ser outro – é a classe social.

Segunda língua oficial portuguesa: língua mirandesa

Segunda língua oficial portuguesa: língua mirandesa

Segunda língua oficial portuguesa: língua mirandesa

Fonte: AULP, 2014-02-04

O quê? Existe uma segunda língua oficial portuguesa? E chama-se língua mirandesa? Só tinha ouvido falar dos bifes!”

Pois é. Existe mesmo. E nem é difícil de falar! Basta incorporar um visiense, um transmontano, um alentejano (sim, sotaque transmontano e alentejano ao mesmo tempo!), e castelhano, nasalar a voz e está feito! Ou pelo menos foi o que nos pareceu quando tentámos começar a ler mirandês.

Experimente ler este pequeno texto e diga-nos o que lhe parece:

“La Lhéngua Mirandesa, doce cumo ua meligrana, guapa i capechana, nun yê de onte, detrasdonte ou trasdontonte mas cunta cun uito séclos de eijistência. (…) Hoije recebiu bida nuôba. Saliu de l absedo i de l cenceinhoan que bibiu tantos anhos. Deixou de s’acrucar, znudou-se de la bargonha, ampimponou-se para, assi, poder bolar, strebolar i çcampar l probenir. (…) Lhibre, cumo l reoxenhor i la chelubrina, yá puôde cantar, yá se puôde afirmar. A la par de l Pertués, a partir de hoije, yê lhuç de Miranda, lhuç de Pertual.”

Para uma incorporação profissional aconselhamos-vos a falar com uma médium – ou com um médium, não discriminamos géneros!

É mesmo uma misturada, mas ainda assim a línguan é falada no concelho de Miranda do Douro e em três aldeias do concelho de Vimioso, contando com cerca de 15 mil falantes. Tem três subdialetos (sim, como se já não fosse complicado o suficiente falar mirandês): central ou normal (normal… Ah! Boa piada!), setentrional ou raiano e meridional ou sendinês. Até parece “O Senhor dos Anéis”.

A língua mirandesa continua a passar de pais para filhos (como as histórias do relógio de bolso do tetravô, que já não funciona mas continua a passar de geração em geração), e em 1882 começou a ser estudada e a ser posta no papel por José Leite de Vasconcelos. Para quem fala este dialeto, este tem um valor inestimável e acaba por ser uma caraterística daquela comunidade, algo que os distingue, que os envaidece e que devia envaidecer todo o Portugal.

O mirandês é atualmente estudado por centros de investigação portugueses como o Centro de Linguística da Universidade de Lisboa e pela Universidade de Coimbra.

A convenção ortográfica foi estabelecida em 2008 com vista a facilitar a aprendizagem e a difusão desta língua que desde então se consagrou como segunda língua oficial portuguesa.

Há mirandês no Photoblog, na Biquipédia e um bom site para os mais curiosos (ou para os mais corajosos). Aceda aqui ao site.

Se está mais numa de aprender enquanto ‘brinca’, temos boas notícias para si! Há dois livros do Asterix em mirandês. Fãs do Asterix, aventurem-se!

Vitorino Reis, Reitor da UTANGA – “Preocupação é a consolidação da qualidade”

Vitorino Reis, Reitor da UTANGA – “Preocupação é a consolidação da qualidade”

Vitorino Reis, Reitor da UTANGA – “Preocupação é a consolidação da qualidade”

Fonte: AULP, 2014-02-04

“Entrámos numa fase em que a nossa principal preocupação é a consolidação da qualidade”

A Universidade Técnica de Angola (UTANGA) quer consolidar a faculdade de engenharia. Para isso, assinou no passado dia 9 de janeiro um contrato com a empresa alemã LD Didactic. O novo edifício de oito pisos vai possuir uma área reservada para os 17 laboratórios que resultam desta parceria.

“Foi um investimento que ronda os 6 milhões de dólares”, revela Vitorino Reis. Os laboratórios deverão ser montados nos próximos 6 meses e irão cobrir várias áreas como física, química, biologia, eletricidade, eletromecânica, informática e oficinas.

No entanto, os alunos só deverão poder usufruir das novas instalações em 2015, pois numa primeira fase será necessário formar o corpo docente. O reitor acrescenta que o protocolo com a LD Didactic prevê ainda o envio de docentes da universidade para formação na Alemanha. “Paralelamente a isso estamos a capacitar já o nosso corpo de docentes no que diz respeito à qualificação académica. Temos em Portugal um protocolo com a Universidade de Lisboa e neste momento já temos onze bolseiros a fazer mestrado no Instituto Superior Técnico”.

A UTANGA nasceu há sete anos e está numa fase de internacionalização e expansão. “No nosso plano de desenvolvimento institucional em vigor, que vai de 2011 a 2015, um dos objetivos é a criação de um curso de agronomia ou agricultura”, acrescenta Vitorino Reis. Luanda e Bengo não oferecem cursos nessa área, sendo assim fundamental para a universidade suprimir esta lacuna até 2015.

Atualmente, a universidade tem aberto um concurso público para admitir novos docentes, mas Vitorino Reis afirma que uma das filosofias da universidade é promover os seus próprios formandos. “De fora vamos captando os bons, e internamente vamos promover os melhores”.

Língua Portuguesa: a herança e a realidade cultural de muitos autores

Língua Portuguesa: a herança e a realidade cultural de muitos autores

Língua Portuguesa: a herança e a realidade cultural de muitos autores

Fonte: AULP, 2014-02-04

Para o colóquio “Criar em Português – O que pode uma língua?”, a Gulbenkian recebeu diversas personalidades de várias áreas artísticas. Desde a música ao cinema, passando pela literatura, a dança e o teatro para debater as potencialidades do português como língua de criação artística.

No painel dedicado à realidade musical discutiu-se a importância que a palavra tem no processo criativo de uma melodia, chamando-se à atenção de que existem línguas mais estimulantes para cada tipo de música. Luís Tinoco, compositor português, explicou que não é por acaso que o jazz não é cantado em chinês ou que a música marcial case tão bem com a música alemã.

O compositor acrescentou ainda que um músico não se deve preocupar com o som das palavras, mas com a forma como o texto estimula as pessoas que o vão ouvir. É por isso que defende que, por vezes, para trabalhar há que abdicar de aspetos estritos da cultura portuguesa: “A minha pátria língua está seguramente naquilo que é a herança que nos deixam os nossos escritores – a relação afetiva que consigo estabelecer com eles é irrepetível com autores estrangeiros.”

Ângelo Correia, mais conhecido por Boss AC, defendeu que só faz sentido cantar na língua materna se percebermos tudo o que está a ser dito: “É um desafio escrever em português porque é uma língua muito fechada”.

José Miguel Wisnik, autor, compositor e professor de Literatura da Universidade de São Paulo, acrescentou que o português é uma língua difícil para quem escreve músicas. “O português que se fala aqui é mais gutural, cria uma série de percussões surdas. O do Brasil estabiliza as vogais, o que deixa que as sílabas durem – é como uma orquestra em que se ouvem as cordas e os sopros”, explicou o convidado do painel moderado pelo musicólogo Rui Vieira Nery.

Já na sessão sobre a criação literária falou-se sobretudo sobre a forma como a língua portuguesa é um referente cultural para quem a trabalha. Mário de Carvalho, conhecido escritor luso, foi mais além e afirmou que o português é um reservatório de memória e tradição como a própria literatura. “A memória também está nas palavras porque elas transportam uma história, carregam o grego e o árabe”, explicou o autor no painel em que estiveram também o tradutor americano Richard Zenith, Nuno Artur Silva e o cabo-verdiano Germano de Almeida.

Mário de Carvalho partilhou com a audiência que já ganhou o Prémio Pégaso, atribuído a línguas com pouca projeção – apesar de a portuguesa ser uma das mais faladas no mundo. O escritor ironizou ainda que a língua portuguesa foi comparada com a kiwi, um dialeto falado na Nova Zelândia que ganhou o prémio anteriormente.

O acordo ortográfico não passou despercebido durante este encontro. Nuno Artur Silva, o apresentador do Eixo do Mal, defende que discutir o acordo ortográfico é irrelevante: «Eu acho que o erro ortográfico é uma coisa menor. A ortografia é uma questão estética, uma convenção». Apesar de a língua brasileira ser uma variante do português, Nuno Artur Silva acredita que no futuro todos vamos escrever em brasileiro e que o português vai ser uma variante regional da língua brasileira

Certo é que a língua portuguesa esteve em debate nestes dois dias. Muito se discutiu sobre as potencialidades da língua de camões e sobre o seu futuro. Descobriram-se experiências, dificuldades e expectativas de quem usa e estuda a língua portuguesa e sabe o que ela tem de único e de virtuoso para o mundo.

Assunção Cristas – “Acredito que muitos países vão querer participar”

Assunção Cristas – “Acredito que muitos países vão querer participar”

Assunção Cristas – “Acredito que muitos países vão querer participar”

Fonte: AULP, 2014-02-04

A plataforma SKAN – Sharing Knowledge Agrifood Networks pretende promover a partilha de conhecimento e tecnologia entre a Europa, África e América Latina nos sectores agrícola, alimentar e florestal.

“Este projeto surge por iniciativa da União Europeia, que sentiu a necessidade de uma maior interação com os países tropicais nas suas relações de ciência e tecnologia. A criação da plataforma surge delegada a Portugal pela proximidade com África”, revelou-nos Ana Melo, colaboradora do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT).

A partilha será realizada de quatro formas: através do fortalecimento da ligação entre o meio científico e empresarial, ao potenciar o uso de recursos existentes, estimulando a elaboração de projetos internacionais em consórcio e auxiliando os agentes locais a garantir a sustentabilidade desses projetos.

A SKAN foi fundada pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, pela Universidade de Évora, de Trás-os-Montes e Alto Douro, pelo Instituto de Investigação Científica Tropical e pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.

A plataforma foi lançada no passado dia 21 de janeiro.

Assunção Cristas, Ministra da Agricultura e do Mar de Portugal – “Estamos a fazer muito pelo nosso conhecimento, pelas nossas empresas, pela riqueza que queremos criar de forma sustentável. Estamos a fazer pelo futuro do nosso país, mas não só: de todos aqueles que a nós se queiram associar e connosco queiram aceitar este desfio de partilhar o conhecimento,de ensinar e aprender, que no fundo é o que nós melhor podemos fazer pela nossa vida e melhor podemos deixar para aqueles que aí vêm”.

Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência de Portugal – “A inovação produzida pela ciência e tecnologia originam melhores técnicas de produção e rega, sementes mais resistentes, melhor fertilização, melhor indústria de transformação agro-alimentar, melhor conservação, melhor respeito pelo ambiente. A inovação origina valor; a inovação gera riqueza”.