“O Ensino Superior enfrenta o desafio de criar e distribuir conhecimentos socialmente relevantes”
São palavras do Doutor João Felisberto Semedo, Presidente do Conselho Diretivo da Universidade de Cabo Verde. A AULP falou ainda com o Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação de Cabo Verde, António Correia e Silva, para perceber o papel do Ensino Superior na Investigação e no desenvolvimento de Cabo Verde.
De que forma os projetos de investigação na Uni-CV contribuem para o desenvolvimento de África?
A Universidade de Cabo Verde tem como missão a produção do conhecimento, essencialmente pela investigação científica, na aprendizagem, utilizando a sua difusão, designadamente através das tecnologias da informação e da comunicação e a sua valorização, através da inovação e transferência para as empresas e sociedade. A Uni-CV funciona segundo o seu regulamento, como um centro de criação, difusão e promoção da cultura, ciência e tecnologia, que articula o estudo e a investigação, de modo a potenciar o desenvolvimento humano, como facto estratégico do desenvolvimento sustentável de Cabo Verde.
A Uni-CV desenvolve e promove a consolidação dos Estudos como programas estratégicos, tendo como objetivo o atendimento nas vertentes de formação e especialização, quer pela oportunidade que oferece de afirmação nacional e internacional. As áreas de conhecimento da Uni-CV, nomeadamente as Ciências da Natureza, da Vida e do Ambiente; Ciências Humanas, Sociais e Artes; Ciências Económicas, Jurídicas e Políticas e Ciências Exatas, Engenharias e Tecnologias são desenvolvidas em unidades de investigação com adesão a programas de mobilidade académica (estudantes, professores e pessoal não docente) através de coordenação conjunta com prestigiadas universidades, que potenciam excelentes parcerias entre investigadores e instituições, pautadas por padrões internacionais de qualidade.
Para o sucesso desses projetos, que tipo de parcerias estabeleceu com instituições de Ensino Superior de outros países?
A Uni-CV abriu-se ao mundo do conhecimento, através da adesão a associações de universidades, a redes, a consórcios e a programas de mobilidade académica e de investigação internacionais. Por iniciativa própria ou a convite de outras instituições de ensino superior, estabelece dezenas de protocolos de mobilidade académica e de investigação científica com instituições de ensino superior estrangeiras. São intensificados os contactos com instituições estrangeiras e internacionais produtoras de Ciência e Tecnologia, com o sentido da internacionalização, e tendo em meta as exigências de qualidade e equidade.
Participação em redes internacionais, tais como a Rede de Estudos Ambientais de Países de Língua Portuguesa, Rede Internacional de Investigação sobre Cidades Atlânticas, e Rede UNAMUNO Eixo Atlântico.
Existem recursos financeiros disponíveis para apostar em projetos de investigação?
A noção e prática da internacionalização e posterior resposta em termos de regionalização têm sido testemunhadas pela participação em vários programas e projetos de mobilidade académica e de iniciação científica, e com proporcínio de financiamento da investigação na Uni-CV.
Exemplos típicos incluem, o programa Erasmus Mundus (ANGLE, DREAM ACP, KITE, CARIBU). Outros programas internacionais, nomeadamente, os Programas SEMACA (Fortalecimento Institucional Universitário no Espaço Canárias e África), União Europeia-MAC-Programa transnacional Madeira, Açores, Canárias), UNAMUNO, CAPES/AULP – (Brasil), da Bridgewater State University (BSU), têm vindo a destacar o processo e implementação de integração regional e iniciativas de colaboração.
A renovação do Programa de Cooperação Transnacional MAC para o período de 2014 a 2020, bem como com o Programa ‘Erasmus Plus’ (Erasmus+), para o mesmo período, que englobará as diversas ações, financiados por fundos da Comissão Europeia, que integravam os Programas Aprendizagem ao Longo da Vida, Juventude, Tempus, Erasmus Mundus e Alfa e Edulink.
Estas ações têm sido desenvolvidas para apoiar a execução das três funções da Uni-CV – ensino, investigação e extensão académica.
Na sua opinião, qual o futuro da investigação em África? O que precisa de ser feito para aumentar a investigação nas instituições de Ensino Superior?
Existem desafios coletivos, tais como sustentabilidade e objetivos de desenvolvimento do Milénio, entre outros, que pode causar um grande impacto no futuro. A relação entre a pesquisa científica e o processo decisório político relacionados ao bem-estar coletivo e ao interesse em geral necessita de ser explorada e analisada para que sejam estabelecidos elos entre os vários sectores da sociedade.
O ensino superior enfrenta o desafio de criar e distribuir conhecimentos socialmente relevantes, a fim de desempenhar um papel pró-ativo e comprometido na transformação e mudança positiva das sociedades. Mudar os sectores económicos públicos e privados, através da transformação e inovação, para que os mercados sejam mais atrativos e competitivos e sociedades mais sustentáveis.
A redução da pobreza, dos problemas ambientais, das doenças e dos conflitos que atravessam fronteiras nacionais deveriam ser usados com a utilização de estratégias mais globais. Para enfrentar os novos desafios sociais, bem como as necessidades locais de conhecimento, as universidades devem estar dispostas a cooperar em redes com outras universidades em escala global.
Ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação de Cabo Verde, António Correia e Silva,
“Há vários projetos de investigação nas universidades de Cabo Verde. As pós-graduações ligam-se diretamente com a investigação. Estamos no início de um processo, mas já há algumas universidades que estão inseridas em redes internacionais, como a AULP. Isso permite a mobilidade de docentes e investir nos laboratórios, na qualificação. Estão a ser lançadas as primeiras sementes nas Ciências e Tecnologias.
Estão a ser desenvolvidos consórcios para a investigação, pois esta não se faz de forma isolada, mas sim em rede para colocar as forças em comum e transmitir conhecimentos. Isso tem sido política das universidades cabo-verdianas.
Portugal, Brasil, EUA, China, e os PALOP são alguns dos países que Cabo Verde onde possui projetos de investigação comuns.
Cabo Verde precisa de mobilizar os recursos financeiros, mas para o fazer precisa de ter projetos. Temos projetos, mas é necessário agora moblizar parceiros. Estamos numa fase de desenvolvimento.
“África tem um futuro brilhante em investigação. Os jovens estão a descobrir a Ciência. A população e a classe política estão, neste momento, a reconhecer o seu valor”, acrescentou.