RILP – III Série, nº30 (2016)

Introdução – 30 ANOS A CONSTRUIR REDES DE ENSINO SUPERIOR EM PORTUGUÊS

A Revista Internacional de Língua Portuguesa (RILP) vem sendo publicada desde o início da fundação da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) em 1986, e tem sido o meio da expressão da sociedade científica que se expressa em português.

Maria Helena Mira Mateus, dirigiu a primeira série composta por dezassete números e, José Augusto Seabra, coordenou a segunda série com três números, série interrompida com o seu desaparecimento. A terceira série, a partir de 2008, ganhou feição institucional e temática e perfaz com este que agora se dá à estampa, um total de trinta números. São 30 anos a criar redes de ensino superior em Português.

Esta revista é um caso nacional único de internacionalização do centro linguístico original, o português, para o universo multilateral das culturas que lhe foram sendo historicamente associadas, alheia às variações políticas que o tempo impõe. Implícita está a consciência do grau de reconhecimento e influência internacional que as políticas de língua promovem para determinadas línguas ou podem promover para a língua portuguesa.

A justificação de necessidade do lançamento de uma nova série impôs-se de per si. As necessidades de acompanhar os novos tempos editoriais obrigam a implementar outras regras. Motivo pela qual, a RILP foi, entretanto, preparada editorialmente no Secretariado para registo, passou a estar referenciada no catálogo internacional LATINDEX, sistema internacional de informação internacional de revistas científicas, cujas exigências numa primeira fase, impuseram a sua anualidade, um conselho de acompanhamento científico e um processo de revisão de conteúdos que a transformou numa adequada revista científica tendente à circulação internacional.

Numa segunda fase que marcará a IV série a iniciar em 2017, a RILP será submetida à pressão de se converter em semestral, condição para integrar outros catálogos de referenciação científica, nomeadamente o SCIELO a que será submetida para apreciação, cumprindo assim critérios internacionais que tenderão em reverter a RILP numa revista mais atrativa no universo das publicações internacionais.

Ao completar trinta anos de existência a Associação das Universidades de Língua Portuguesa, publica este número comemorativo, que visa também marcar o fim da III série, abrindo a Revista à chamada livre de artigos no âmbito internacional.

A historiografia institucional permitirá aos vindouros dispor de informação que vai estando dispersa e tenderá a ultrapassar as limitações da nossa própria humanidade sempre restrita comparada com o tempo que uma ideia que ganha corpo institucional pode durar.

Após uma primeira parte em que é possível compreender a institucionalização da AULP e da sua identidade a partir dos depoimentos dos sucessivos gestores do secretariado geral da Associação, uma segunda parte recolhe os testemunhos de consecutivos presidentes institucionais e das Universidades que representavam tornando percetível dinâmicas, intenções e empenhamentos assim como a dinâmica gerada no âmbito associativo.  Não foi possível recolher os testemunhos de todos, uns por ausência no mundo físico, outros porque a distância não favoreceu a sua recolha, em que destacamos em particular o Prof. Doutor Brazão Mazula de Moçambique, mas estamos em querer que a leitura atenta deste número a todos fará justiça.

Uma terceira parte, faz jus ao acervo coletivo que em conjunto e com o esforço combinado foi possível registar em obra escrita. A historiografia dos Encontros e o seu registo em Atas; uma síntese do conteúdo da RILP e o impulso da reimpressão de obras caras às diversas culturas; e, finalmente, o lançamento do prémio de mérito académico sobre o trabalho científico, são completadas com uma última parte em que o elenco dos Encontros e das Presidências, somadas à recolha dos índices da RILP, permitirá, no futuro, apenas a consulta deste número para as investigações a que tantas vezes somos solicitados a contribuir.

Nesta introdução, uma última palavra é dedicada à equipe da sede. A vida de uma Associação deste tipo implica uma gestão de recursos criteriosa, sejam humanos ou materiais. Desde o início da criação da AULP, na sua retaguarda está o labor do Sr. Rogério Rei, sem o qual a estabilidade económica e saudável equilíbrio financeiro a ele tudo deve. É um labor quotidiano, discreto, de boa vontade e boa-fé como é raro encontrar. Por isso lhe é devido um especial agradecimento.

Importa recordar ainda os contributos, ainda que aqui não testemunhados, da Dra. Analídia Perdigão e do Prof. Doutor Gabriel Feio, que exerceu as funções de secretário-geral interino após a saída de Alarcão Troni, assim como o empenho da Dra. Teresa Botelheiro, secretária executiva nos anos de 2011-2013, mesmo quando as orientações do Conselho de Administração não foram coincidentes com a orientação da sua gestão.

O impulso e apoio à atividade editorial teve no Mestre Suzano Costa, secretário executivo nos anos 2008-2012, uma dedicação exemplar interrompida pelo desejo de completar o seu prosseguimento formativo até ao mais alto nível do Doutoramento, o que a AULP apoia e a quem se augura e deseja êxitos pessoais e profissionais. Ao longo da última década, a Dra. Sandra Moura, soube construir paulatinamente a sua formação e hoje é a peça-chave de um secretariado estável e conhecedor. Mais recentemente, a Dra. Pandora Guimarães da área de comunicação soube imprimir um entusiasmo criativo e um apoio às edições que se considera inestimável e da qual a AULP já não prescinde.

Ao completar o trigésimo ano de atividade a AULP ganhou vida própria e não obstante algumas dificuldades de percurso tem sabido acompanhar o tempo e a dinâmica que este determina, augurando-se uma continuidade frutuosa para o projeto que lhe está implícito: a criação de uma rede de conhecimento ao nível do ensino superior ancorada na partilha de uma língua comum e das diversas culturas que lhe foram sendo associadas.

Rui Martins

Cristina Montalvão Sarmento

 

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