Prémio Fernão Mendes Pinto (Edição 2014)

O vencedor do Prémio Fernão Mendes Pinto 2014 é Fátima da Cruz Rodrigues, com a dissertação de doutoramento em Sociologia, no curso de Pós-Colonialismos e Cidadania Global,“Antigos Combatentes africanos das forças armadas portuguesas. A guerra colonial como território de (re)conciliação”.

Entre 1961 e 1974, nas guerras que marcaram os últimos anos da longa presença colonial portuguesa em África, Portugal recrutou milhares de soldados africanos para as suas Forças Armadas.

Este trabalho procura compreender como esses antigos combatentes das Forças Armadas Portuguesas (FAP) que lutaram nessas guerras contra os movimentos de libertação e que, entretanto, vieram residir para Portugal, interpretam os seus percursos de vida. Nesse sentido, a pesquisa recorreu, predominantemente, às narrativas biográficas oferecidas pelos próprios antigos combatentes africanos das FAP, mas percorreu também outros registos e fontes tais como arquivos históricos, memórias e testemunhos de muitos antigos combatentes não africanos da Guerra colonial, e diversos encontros de rememoração da Guerra.

O ponto de partida deste trabalho resumiu-se a uma interrogação aparentemente simples: quem são estes antigos combatentes africanos das FAP que residem em Portugal?

A resposta encontrada foi: estes são homens que procuram um lugar onde possam ser reconhecidos como aquilo que são, que podem ser e que querem ser na Angola, no Moçambique, na Guiné-Bissau e no Portugal pós-coloniais.

Para muitos dos antigos combatentes africanos das FAP que colaboraram com este trabalho, esse lugar que procuram é a interpretação que oferecem na Guerra. Uma interpretação segundo a qual a Guerra é um lugar outro no Portugal pós-colonial. Esse lugar é o da Guerra como um território de (re)conciliação. Uma conclusão pouco provável, quando sabemos que a Guerra é um território de devastação, e um lugar de transformação ontológica sem retorno. Mas, na verdade, é esta a conclusão deste trabalho, que escolheu olhar a Guerra partindo do ponto de vista dos antigos combatentes africanos das FAP.

A dissertação”Antigos Combatentes africanos das forças armadas portuguesas. A guerra colonial como território de (re)conciliação”, da Universidade de Coimbra, foi publicada pelo Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, conforme regulamento.