Prémio Fernão Mendes Pinto (Edição 2011)

O Conselho de Administração da AULP decidiu galardoar a tese de Cármen Liliana Ferreira Maciel, intitulada “A Construção da Comunidade Lusófona a partir do Antigo Centro – Micro-Comunidades e Práticas da Lusofonia)”, da Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.

Na dissertação “A Construção da Comunidade Lusófona a partir do Antigo Centro. Micro-Comunidades e Práticas da Lusofonia”, Cármen Maciel procurou revelar quais as dinâmicas simbólicas – por exemplo, políticas, institucionais e culturais – que contribuem para a conceptualização da “comunidade lusófona”.

Tendo por base a história desde o século XV até à atualidade pós-colonial da sociedade portuguesa, a discente procurou espelhar as “práticas da lusofonia”, e verificou que estas se dão sobretudo na esfera cultural.

Em conclusão, apontou que a “comunidade lusófona” – que tem por rosto formal a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (1996) – encontra-se em permanente construção, expressando-se quer em iniciativas informais, quer em trasações comerciais, atividades socioculturais e ações político-institucionais.

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Publicação da tese vencedora

A tese de doutoramento “A construção da comunidade lusófona  a partir do antigo centro. Micro-comunidades e práticas da lusofonia”, de Cármen Maciel, vencedora da 4ª edição do Prémio Fernão Mendes Pinto, foi editada pelo Camões, IP.

O presente trabalho tem por objectivo discutir a construção da comunidade lusófona a partir do antigo centro português. Escrutinando os rumos da história desde o século XV até à actualidade pós-colonial da sociedade portuguesa, pretende-se traçar o enquadramento histórico que terá estado na base de concepção e idealização de tal comunidade.

Pretende-se ainda acompanhar as dinâmicas simbólicas, mas também políticas, institucionais e culturais do projecto de comunidade que, a 17 de Julho de 1996, adquire um rosto formal através da constituição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Em simultâneo com a análise das iniciativas realizadas ‘de cima para baixo’, presta-se particular atenção à actuação dos agentes ao nível micro, focalizando a atenção na exploração das práticas da lusofonia que se dão sobretudo na esfera cultural.

Defende-se, neste trabalho, que comunidade lusófona é um colectivo em formação e que, apesar da forte conotação ideológica, que a situa ao nível do resgate de um passado agora reinventado à luz do ‘encontro de culturas’, esta é uma realidade prática que vemos funcionar em expressões diversas, quer em iniciativas informais, quer em transacções comerciais ou em actividades socioculturais – para além das acções político-institucionais.

O Prémio Fernão Mendes Pinto compreende um valor pecuniário atribuído numa parceria conjunta entre a AULP e a Comunidade de Países Língua Portuguesa (CPLP), bem como a edição da tese, a realizar pelo Camões, IP.

Quando tive conhecimento do Prémio Fernão Mendes Pinto, da AULP, estava a terminar de escrever a minha dissertação de Doutoramento sobre o tema da construção da Lusofonia através de microcomunidades e práticas do quotidiano. De imediato, pesquisei o regulamento, e apercebi-me que o trabalho se enquadraria no âmbito do mesmo e que poderia ser um contributo para a área de estudos em questão. Após a apresentação e defesa pública da dissertação, em outubro de 2010, e por considerar que se tratava de um Prémio prestigiado no contexto internacional, decidi enviar o documento e concorrer. Tive a felicidade de vencer a 4ª edição, no ano de 2011, e de ver posteriormente o trabalho publicado pelo Camões I.P.

Com a divulgação da atribuição do prémio, surgiram vários convites para apresentações públicas do trabalho de doutoramento, no país e no estrangeiro – o que, considero, foi uma mais-valia para o meu percurso académico e profissional.

Recordo com gratidão e apreço a viagem a Macau, onde decorreu a cerimónia pública de entrega do Prémio. A equipa da AULP foi extraordinária e o momento foi marcante para mim.

Agradeço à AULP, à CPLP e ao Camões I.P. a oportunidade que me foi concedida e desejo que mais jovens investigadores possam ter a experiência de participar em iniciativas como o Prémio Fernão Mendes Pinto, na medida em que poderão ver projetado o seu trabalho e reconhecido o seu percurso de investigação.