Máscaras e Mascarados Angolanos (Uso, Formas e Ritos)

Prefácio

A recuperação do património histórico e cultural das diversas culturas cruzadas pelo uso de uma língua comum, o português, implica a recuperação em jeito de inventário das formas culturais e civilizacionais, utilizadas nos diversos espaços que compõem esse universo. No caso em apreço, Angola, a Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) ao realizar a edição fac-similada deste opúsculo, reafirma o seu compromisso em prestar homenagem a todos aqueles que, no passado, dedicaram a sua investigação à riqueza da diversidade dos usos, formas e ritos das diversas culturas associadas à língua portuguesa.

Desde 2007, a AULP vem editando um conjunto de obras comemorativas nos seus encontros anuais, porquanto a dispersão dos seus membros por vários continentes, obriga ao carácter itinerante dessa reunião anual, fraterna, colaborativa e de serviço, reunindo assim, contribuições originárias nas diversas latitudes, enriquecendo o debate científico e favorecendo a relação entre os membros da comunidade. De Angola ao Brasil, de Cabo Verde a Portugal ou

Macau e Timor-Leste, estas reedições de manifesta riqueza cultural, contribuem para engrandecer o panorama literário e científico nos países onde se fala a língua portuguesa. Escolhidos na sua maioria pelos países de acolhimento do Encontro, a AULP serve, deste modo, os interesses da comunidade científica distribuindo-os gratuitamente entre todos os seus membros.

Este opúsculo que nos cumpre aqui apresentar, é um dos muitos trabalhos que o o grande investigador e etnólogo português, José Redinha, realizou. Investigador incansável no campo da etnologia angolana, participou em múltiplas missões de reconhecimento cultural e étnico em Angola. Na sequência da reedição do seu livro Etnias e Culturas de Angola (AULP 2009), obra magistral do seu trabalho de pesquisa, sob o pretexto da realização no Sul de Angola, na cidade do Lubango, do XXVIII Encontro da AULP acolhido pela Universidade Mandume Ya Ndemufayo, permite-nos ir mais longe e reeditar outros trabalhos, muitas vezes esquecidos, como este registo e esforço sistemático de classificação das: Máscaras e Mascarados Angolanos e ainda dos Instrumentos Musicais de Angola, sua construção e descrição, este último também publicado este ano.

No momento em que se alcança a ancoragem histórica do património comum do espaço lusófono, seja natural e científico, seja linguístico e cultural, seja histórico e artístico, este opúsculo, na sua exiguidade de “simples investigação descritiva”, como o autor o classifica, transporta-nos para amplo Oeste Africano, naquilo que recebeu o título de “Grande Civilização das Máscaras”.

As máscaras de madeira, de entrecascas de árvore (liber) e resina, e as máscaras de fibras encordoadas, no sentido das mais remotas para as mais recentes, são os principais géneros de máscaras angolanas, mas estão associadas a diferentes regiões, povos, rituais, usos e significações múltiplas cuja função social, influência nas artes e associação a crenças e superstições, nos transportam para um mundo que todos desejamos conhecer mais profundamente.

Esta edição contou com singelos, mas essenciais auxílios. Um especial agradecimento aos herdeiros de José Redinha, à Diretora da Biblioteca do Instituto Superior de Ciências Políticas da Universidade de Lisboa, à equipa da sede da AULP, em particular à Pandora Guimarães, porquanto, todos, compreendendo o ato de cultura que lhe está associado, apoiaram esta reedição.

Orlando M. J. F. da Mata e Cristina Montalvão Sarmento

 

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