“A Língua Portuguesa é uma língua global e não uma língua de diásporas”
Qual o papel que a Língua Portuguesa assume no contexto mundial? Será este um idioma estratégico de comunicação e um fator gerador de novas oportunidades empresariais?
Estas e outras questões estiveram em debate no passado dia 5 na sede da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa – CPLP, em Lisboa. O Professor Fernando Luís Machado, investigador do ISCTE, foi o orador principal desta conferência, sendo que o estudo sobre o potencial económico da Língua Portuguesa destacou-se neste encontro.
Em cima da mesa estiveram, ainda, assuntos relacionados com a importância do desenvolvimento do português em diferentes regiões do mundo e o estabelecimento e aprofundamento de relações unilaterais entre as universidades dos países da CPLP.
Esta cerimónia contou com a presença do Embaixador Murade Murargy, Secretário-Executivo da CPLP, que salientou a importância do ensino para o crescimento de uma comunidade: “a educação pode não resolver todos os problemas de um país, mas um país também não pode resolver os problemas sem educação”. O Presidente da Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) e Reitor da Universidade de Lúrio em Moçambique, Professor Jorge Ferrão, esteve igualmente presente nesta cerimónia enquanto moderador.
O facto de a língua portuguesa ser um meio privilegiado para a difusão e a criação cultural entre os povos, e de a fala ser vista como promoção cultural dos seus valores, esteve em destaque no discurso do Professor Fernando Luís Machado. “É um instrumento para o alcance de aspirações comuns”, disse.
A nossa língua é a quarta mais falada do mundo, segundo dados do Observatório da Língua Portuguesa. Na internet há 82 milhões de utilizadores, sendo a terceira mais usada no facebook e a quarta no twitter.
Segundo o Professor Fernando Luís Machado, a Língua Portuguesa “tem de ser vista como uma língua global e não como uma língua de diásporas” e, portanto, “deve ter projeção, defesa e ensino”. Para que isso seja possível é necessário reunir esforços. Mais acrescentou que a separação entre língua e cultura deverá estar bem presente, pois apesar de a língua poder ser comum, as culturas podem ser diferentes. “Faz sentido a existência de cooperação na língua, mas competição na cultura”, acrescentou.
Para realçar a importância da língua portuguesa na economia, o orador afirmou que “a língua portuguesa assume uma crescente importância nos negócios”. Relembrou ainda que quanto mais uma língua é falada, mais pessoas a querem falar, aumentando assim a necessidade de aprendê-la.
De acordo com um estudo baseado em dados de 2011, “10% das exportações portuguesas vão para países lusófonos”, daí o facto de existir um maior comércio para os países de língua oficial portuguesa comparativamente a outros países do mundo.
O Reitor da Universidade de Macau, e vice-presidente da AULP, o Professor Rui Martins, esteve igualmente presente nesta cerimónia e desafiou o Professor Fernando Luís Machado a fazer um novo estudo direcionado para a evolução da procura da Língua Portuguesa na China. Relembrou o atual e crescente desenvolvimento do português neste país, dado que o estudo apresentado pelo orador remetia dados com mais de 5 anos e utilizando os EUA como referência.
A CPLP comemora o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura há quatro anos consecutivos. Uma decisão saída da XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da CPLP, realizado em Junho de 2009, em Cabo Verde. A decisão justifica-se pelo facto de a língua portuguesa constituir, entre os povos da comunidade, um vínculo histórico e um património comum resultantes de uma convivência multissecular que deve ser valorizada.
Veja o vídeo elaborado pela CPLP.
Artigo de Ana Isabel Mendes e Pandora Guimarães
Gabinete de Comunicação da AULP