‘’Os estudantes deviam estudar em Portugal num meio internacional’’
As palavras são de António Rendas, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) e Reitor da Universidade Nova de Lisboa, que foi um dos dois oradores convidados para falar sobre ”Educação e Universidade”. A conferência teve lugar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH/Nova) no passado dia 22 de janeiro e o outro orador foi Alberto Amaral que é o atual presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES).
O ciclo de conferências ”Revolução e Democracia” quer debater as mudanças da sociedade portuguesa desde o 25 de abril de 1974 e reforçar a ligação entre gerações, universidades e comunidade.
A primeira conferência foi moderada pelo diretor da FCSH, João Costa e os oradores escolheram caminhos diferentes de análise. António Rendas falou de medidas governamentais e europeias que deram melhores condições ao ensino superior, já Alberto Amaral apresentou dados estatísticos acerca da evolução do ensino superior em Portugal.
A destacar alguns apontamentos por parte dos oradores. O presidente do CRUP indicou dois marcos importantes no desenvolvimento do ensino superior: a reforma de Veiga Simão e o Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES).
Para António Rendas é importante que os estudantes possam estudar em Portugal mas num meio internacional e, para isso, acrescenta que têm de ser dados alguns passos para que caminhemos no sentido de um melhor ensino e uma melhor oferta curricular. Os passos a que se referiu são: formalizar contratos com a Ásia para reconhecimento de graus obtidos e fazer com que os vistos tenham uma duração superior a seis meses.
Alberto Amaral quis defender que não se pode parar de investir no ensino nem na investigação e que, infelizmente, o atual governo português tem feito uma política destrutiva nestes aspetos. O presidente da A3ES reforçou que tem de se desenvolver medidas contra a desertificação do interior, que está a ficar completamente desprotegido, rareando os alunos que queiram estudar naquele local, preferindo o litoral do país.
Alberto Amaral realçou que em Portugal o setor público é muito mais qualificado do que o privado. Outro problema é a falta de apoios do Estado para os estudantes, isto porque, segundo os dados apresentados, mais de 60% do financiamento dos estudos é feito por parte das famílias.
Está marcada para o próximo dia 25 de fevereiro às 18h30 a conferência com o tema ”Proteção Social e Desigualdade”, tendo como oradores Eugénio Fonseca (presidente da Cáritas Portugal) e José Vieira da Silva (ex-Ministro do Trabalho e Solidariedade Social).
António Rendas é Reitor da Universidade NOVA de Lisboa desde 2007 e Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) desde 2010. Licenciado pela Faculdade de Medicina de Lisboa (1972) e doutorado pelo “Cardiothoracic Institute” da Universidade de Londres (1977), na área de Patologia Experimental.
Alberto Amaral é presidente da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) e ex-Reitor da Universidade do Porto. É investigador do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES), do qual já foi diretor.