O jogo global mudou. Qual o papel das relações Europa-África?
A conferência decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian no dia 29 de abril, 26 dias após a IV Cimeira UE-África, em Bruxelas. Em análise esteve a parceria UE-África, os resultados da Cimeira e as oportunidades e desafios das relações entre os dois países vizinhos geograficamente.
A necessidade de uma transformação política e de mentalidade na relação UE-África foi apontada por alguns dos presentes. Conciliar interesses divergentes, facilitar a realização de objetivos comuns e responder de forma efetiva aos desafios globais em prol do futuro das relações euro-africanas.
Luís Amado, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros português, referiu que a imposição tributária tem de ser enterrada com respeito pelos valores, a história e os princípios. “Deve existir parceria entre os dois países e não condicionalidades. É preciso existir uma mudança do método e perceber a natureza dos constrangimentos.” Luís Amado apontou ainda que existe insensibilidade da Europa em relação a África.
Na conferência estiveram presentes reconhecidos intervenientes nesta matéria, entre os quais René Kouassi, Obadiah Mailafia, chefe de gabinete do secretário-geral do grupo de Estados de África, Caraíbas e Pacífico (ACP), em Bruxelas e José Manuel Briosa e Gala, assessor do presidente da Comissão Europeia para África e para o Desenvolvimento no âmbito do G8.
A China não passou despercebida aos oradores que apontaram como sendo um dos maiores investidores no continente africano. Mas criticaram o facto de verem África como uma oportunidade e não um problema a resolver. A extração mineira é fortemente criticada no país.
Esta foi uma iniciativa organizada pelo Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), pelo CEI-IUL – Centro de Estudos Internacionais do ISCTE/IUL, pelo European Centre for Development Policy Management (ECDPM); Europe-Africa Policy Research Network (EARN) e contou com o patrocínio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.
“África e Europa têm um longo mas promissor caminho nesta relação de parceria”
Rui Machete, atual Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, encerrou a conferência realçando os “profundos laços culturais e linguísticos que o País se orgulha de ampliar e projetar também no espaço europeu”. Para o atual ministro, Portugal possui uma relação de grande afinidade com África.
“É a minha convicção que África e Europa têm um longo mas muito promissor caminho nesta relação de parceria, em nome da estabilidade e do progresso nas áreas em que se joga a afirmação dos nossos interesses estratégicos comuns”, acrescentou.
Temas principais em debate:
– As principais mudanças nas prioridades, necessidades, expetativas e ambições de ambos os continentes nos últimos anos, analisando o que foi conseguido e como foram abordados os desafios recorrentes;
– O valor acrescentado das relações UE – África em face da diversificação crescente de fluxos e de parceiros para África, bem como o potencial de reforço do diálogo e da cooperação entre esta multiplicidade de intervenientes;
– O que deverá a parceria tentar atingir no futuro e em que aspetos se devem centrar as duas partes, para assegurar maior participação, melhor cooperação e um diálogo político reforçado, incluindo sobre assuntos globais.
Quem esteve presente na Conferência? Veja aqui a lista dos participantes.
Quem falou? Descubra aqui quem foram os oradores.
Declaração da IV Cimeira
Documento oficial da Conferência Europa-África (e-publicação) – contributo de vários especialistas europeus e africanos com artigos, entrevistas e papers.
Artigo de Pandora Guimarães
Gabinete de Comunicação da AULP