Morreu aquele que foi considerado o rosto da democratização do ensino

Fonte: Gabinete de Comunicação, 2014-05-03

No passado dia 3 de março, o autor da reforma do ensino na década de 1970, José Veiga Simão, morreu com 85 anos devido a uma doença prolongada. O seu contributo para o Ensino Superior foi notável, destacando a fundação da primeira Universidade de Moçambique (Maputo), a Universidade de Lourenço Marques.

Graças ao contributo deste ex-ministro da educação, a partir da primeira metade da década de 70 tornou-se possível equiparar os doutoramentos obtidos em universidades estrangeiras. Novas universidades (Aveiro, Minho e Nova de Lisboa) foram criadas e o conceito de Instituto Politécnico foi instituído. “Estas universidades foram o resultado da visão e da perseverança de Veiga Simão e foram processos que vingaram”, elogiou o Reitor da Universidade do Minho. Estas instituições estão no ranking dos 100 melhores estabelecimentos de Ensino Superior com menos de 50 anos, elaborado pelo Times Higher Education.

Até 1973, o Ensino Superior português resumia-se às universidades de Coimbra, Lisboa, Técnica e Porto a que se juntaram mais tarde a Universidade Católica e algumas outras instituições.

José Veiga Simão nasceu a 13 de Fevereiro de 1929, na Guarda. Licenciou-se em Ciências Físico-Químicas e doutorou-se em Física Nuclear pela Universidade de Cambridge. Aos 31 anos era já professor catedrático na Universidade de Coimbra, mas um dos marcos da sua vida está na Universidade de Lourenço Marques, onde foi professor e reitor na década de 1960. Nos primeiros anos de existência, esta universidade cotou-se como uma das melhores de África.

A profunda reforma geral do ensino, desde o básico ao superior, veio a designar-se “Reforma Veiga Simão”. Para facilitar o acesso de todos os portugueses aos vários graus de formação, Veiga Simão disseminou a rede de ensino secundário em todo o país e criou uma nova rede de Ensino Superior. Enquanto Ministro da Educação, alargou a escolaridade obrigatória e gratuita para oito anos. Lançou as bases do desenvolvimento do ensino, estabelecendo o direito à educação e à igualdade de oportunidades. Apostou muito na educação técnica, que terminou depois da revolução dos cravos.

Artigo de Ana Isabel Mendes

 

“Moçambique é no meu pensamento e pelo percurso de uma vida errante a minha segunda pátria”

Ao professor Veiga Simão que nos deixou hoje,

É com grande pesar que a Associação das Universidades de Língua Portuguesa recebeu hoje esta triste notícia. Foram 85 anos de enorme contribuição para o ensino português e moçambicano.

Em 2012, tivemos o enorme prazer de contar com a sua presença no XXII Encontro da AULP que teve lugar na Universidade Eduardo Mondlane, altura em que se comemoraram os 50 anos do Ensino Superior em Moçambique.

Graças a si foi inaugurada a primeira instituição de ensino superior do país africano – Universidade Lourenço Marques (atual Maputo), onde foi Reitor. “Eu tinha 33 anos e vir fundar uma universidade em Moçambique era uma grande aventura, mas entendi que essa aventura devia ser a obra da minha vida”, disse à Lusa.

Por tudo isto, a AULP não podia deixar de lhe prestar homenagem e deixar aqui um solene agradecimento por todo o seu contributo para a história.

Obrigada, professor, por tudo aquilo que nos ensinou.

Em nome de toda a equipa, descanse em paz.

Gabinete de Comunicação da AULP

Mensagem do Presidente da AULP, Jorge Ferrão, Magnífico Reitor da Universidade de Lúrio

“Quero dar as minhas condolências, em nome da AULP e da UniLúrio. O Professor Veiga Simão vai para a eternidade saindo por uma porta Grande, pois permitiu que um enorme grupo de académicos e profissionais se tivessem formado. Que a sua alma repouse em paz!”

Com pesar,

Jorge Ferrão

Alguns artigos sobre o professor Veiga Simão:

https://aulp.org/noticias/revista-de-imprensa/ensino-superior/5638

https://aulp.org/noticias/revista-de-imprensa/aulp/3002

http://www.publico.pt/politica/noticia/morreu-veiga-simao-antigo-ministro-da-educacao-1634481